terça-feira, 27 de julho de 2010

Texto antigo




Hoje enquanto eu guardava minha lista de Fisico-Química e contava pra minha mãe que seria editora da Revista da Escola, me ocorreu que quando tudo issoacabar, eu vou sentir muita falta. Eu falo mal, eu fico com raiva, eu amaldiçôo até a quinta geração dessa escola. Mas no fundo, eu sei que no dia que eu acordar pra editar uma revista de verdade, eu vou lembrar dos tempos do Ensino Médio Integrado ao Técnico.

Primeira coisa. Vou sentir falta desse discurso: "Oi, o que você faz?"  "Er, Ensino Médio Integrado ao Técnico de Mecânica Industrial".  Ok, dez horas depois eu consigo explicar  pro indivíduo o que eu faço. Outra coisa que vou sentir falta, a discrepância entre o que eu gosto de fazer e o que eu faço. Alguém me explica o que eu faço em uma escola onde as exatas são as matérias mais exploradas? Alguma obra Divina me levou pra lá. E eu agradeço. Lá entrei com a intenção de me renovar, me reinventar, me redescobrir. E sei que vou sair com a certeza de que, boa parte do que eu sou e boa parte do que eu carrego comigo, eu devo ao Cefet (atual IFRJ). Vou sentir falta dos meus amigos. Desses de alma, desses que me olham e falam: "Pequetusca, você é fechamento!". Eu sou fechamento. Eu fecho com eles, pro resto da minha vida. Porque eles me amam pelo o que eu sou, e eu não tenho dúvida disso. Vou sentir falta também, dos meus amores secretos, sujos, silenciosos, perigosos, irresistíveis. Daqueles que nem começaram mas já acabaram, e me fazem rir mesmo assim. Vou sentir falta das voltas pra casa, naquele Real Rio apertado, calorento, infernal! Sentir falta do caminho, dos calouros, dos veteranos. Sentir falta do desespero que me batia ao constatar que não dá pra se vestir bem em Paracambi porque o lugar é só um inferno úmido que ferra seu cabelo, mancha sua roupa, derrete sua maquiagem e quando chove, alaga tudo.

Vou sentir falta de Paracambi. Das corridas pelo caminho que dava a escola. Pela forma absurda como brota gente no ponto do Nova Era. Sentir falta das provas de Física que todo mundo pegava, se encarava e falava: "Ok, piratas. Agora fudeu!". Das provas da Nádia, Rafael e Renato. Ok, não vou exagerar... das provas deles eu não vou sentir falta não. Nem um pinguinho. Vou sentir falta do ódio que eu sinto de ter que estudar Física. Vou sentir falta da Pinça Óptica do Rafael, do jeito como ele no meio da explicação parava pra pensar. No jeito como a Carol me olhava quando ele fazia isso. No jeito como a gente quase reprovou no Rafael, mas pagamos pau pra ele até hoje mesmo assim. Das gargalhadas que a gente dá com as filosofias do Renato. Com a Glória!!!!!!!!!!!!!!! Vou sentir saudade das aulas em geral, desde Ed. Física naquela quadra quente que os meninos faziam torcida organizada pro Gustavinho, até das aulas de Metrologia que a gente tinha que limpar Paquímetro.

São bons tempos. Tempo de aprender, de me desafiar, de me testar. Não gosto de Exatas e isso não é segredo pra ninguém. Mas o Cefet é mais do que uma formação profissional. É uma formação de personalidade. Lá você descobre seus limites, e descobre que entrar e sair de lá é muito fácil. Quero ver o diploma na mão!! Quantas pessoas já desistiram? Desistiram porque não souberam decifrar o Cefet, dançar com o Cefet, cantar e se deixar encantar. Desistiram porque seus destinos não estavam ali. Ame-o, ou deixe-o. AME-O!  Intensamente e enlouquecidamente.